quinta-feira, 28 de junho de 2012

FUNDO DO POÇO

REPRODUÇÃO DE ARTIGO VEICULADO NA
ZH DO DIA 27.06.12

Pedro Inácio Bassols*
Estes dias estão sendo de surpresas na postura das pessoas. Talvez seja o "fundo do poço", como ouvi um grande amigo falar que é onde estamos. E isso é bom, pois do fundo a gente não passa. Será? Ver o Lula cumprimentando o Maluf na casa deste, alinhavando aliança com aquele que era sinônimo do mal durante muito tempo, foi, para mim, uma grande decepção.
Pode parecer infantil, mas ainda acredito em bem e mal, apesar de minha idade. Há mocinhos e há bandidos. É preferível perder, é preferível não ser eleito, é preferível não ganhar, a se aliançar com bandidos, é preferível viver com menos do que se sujeitar à corrupção.
Muita gente boa já me falou que o partido que eu acreditava já não é aquele mesmo. Muito mudou, mas eu continuava acreditando que essa era a melhor opção, mesmo com os diversos problemas decorrentes de membros corruptos, de pessoas e políticos inescrupulosos, eu ainda acreditava em uma tênue busca de coerência, de identidade e de bem social, ainda mais com o trabalho da atual presidenta do Brasil. Isso sem esquecer que ela foi uma das que sofreu nas mãos de torturadores da Ditadura Militar patrocinada também pelo Maluf e o partido que ele representa.
Talvez, como defendem os estudiosos, o fim da Guerra Fria tenha determinado uma nova ordem mundial e isso esteja se refletindo na nossa sociedade, ou seja, há multiplicidade de opiniões, há multiplicidade cultural, há multiplicidade política que, no entanto, não se refletem simplesmente em várias alternativas, mas em considerar-se que todas as alternativas são válidas sem se valorizar a coerência e a identidade.
Explico: quando existia apenas dois lados, parece que era mais fácil ser coerente. As pessoas talvez não estejam habituadas a tantas alternativas, é mais ou menos como aquele programa que se chamava "Você decide", mas que só apresentava duas alternativas. As pessoas achavam que estavam decidindo o futuro das personagens, no entanto, só podiam escolher entre duas possibilidades. Como se na vida da gente as coisas fossem assim tão simples e não houvesse uma infinidade de alternativas.
Não defendo essa ideia, de ter apenas dois pólos muito definidos, mas penso que existem dois pólos muito distantes entre os quais há uma infinidade de pontos e as pessoas não poderiam escolher posicionar-se próximo de um pólo - vamos chamar de sul - mas com pontos próximos ao antagônico - norte. As pessoas deveriam ter uma certa coerência, se estão no pólo sul, estão próximos de ideias do sul; se estão no norte, afinam-se com ideias do norte; se estão na linha do Equador, podem ter ideias um pouco do sul, um pouco do norte, mas distante dos dois pólos.
Acho que não estamos no fundo do poço, pois acredito que a humanidade evolui com idas e vindas, em uma forma de espiral sempre crescente, e, por isso, acredito que encontraremos soluções para nos alinharmos coerentemente junto com aqueles que pensam como nós, e teremos diversos adversários que pensam de outras formas, com os quais estabelecêramos os embates para continuarmos evoluindo, sem nos eximirmos de nossas responsabilidades, respeitando os diferentes e a democracia.

*Economiário

POR: EMERSON PACHECO

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